segunda-feira, 29 de junho de 2009

Reacções imediatas à vitória de Salazar em "Os Grandes Portugueses"

Em 26 de Março de 2007, o estadista português António de Oliveira Salazar foi eleito "o maior português de sempre" através do programa "Os Grandes Portugueses", da RTP.

Confrontados com os resultados apresentados...

1.º lugar - António de Oliveira Salazar - 41% dos votos
2.º lugar - Álvaro Cunhal - 19,1% dos votos

... seguiram-se as seguintes reacções:

- a ex-deputada comunista Odete Santos, "defensora" de Cunhal, considerou, de imediato, que estávamos perante uma "apologia ao Fascismo" por parte da RTP. De acordo com a própria, este programa da estação pública de televisão resultaria, aliás, "no branqueamento do fascismo". Visivelmente indignada com o resultado, não deixou de considerar, porém, que "Isto (o resultado) são os sinais dos tempos. A nível mundial, eles são muito maus e são no sentido da direita e se, um dia lá poderem chegar, do fascismo, porque o capitalismo aproveita todos os regimes, menos um: o comunismo". De seguida, lamentou a escolha de uma pessoa "que advogou a pobreza para o país", recordando que "o povo (no tempo de Salazar) vivia às candeias (...) o povo sofria de analfabetismo, porque, para Salazar, um povo culto era ingovernável, a frase é dele." Concluiu, afirmando que "é pena que isto tenha acontecido, mas o mundo não terminou e o fascismo não levará por diante".

- o professor universitário e escritor Jaime Nogueira Pinto, defensor de Salazar, desvalorizou o facto, afirmando que se trata "essencialmente de um concurso". Explicou, também, que o facto de ter aceite o convite se prende com a necessidade de desmistificar alguns factos do século XX que estão "muito mal contados".

De acordo com o jornal Sol, foram sobretudo os jovens e os reformados que votaram em Salazar, como forma de protesto em relação ao actual momento económico-social do país.


No meu entender, para explicar o resultado deste concurso, devemos atender aos seguintes factos:
- em primeiro lugar, a votação apresentada corresponde à posição de uma fracção da população, não devendo, por isso, ser considerada representativa da opinião dos portugueses;
- em segundo lugar, e dada a larga distância entre 1.º e 2.º classificado, houve, certamente, uma forte mobilização dos portugueses "defensores" de Salazar em torno deste programa;
- em terceiro lugar, muitos dos votos a favor de Salazar são, de facto, um sinal de protesto em relação ao actual momento do país e à necessidade de "cumprir Abril".

Análise a "O Maior Português de Sempre - António de Oliveira Salazar"

Em primeiro lugar, considero importante explicar que, apesar deste documentário procurar "defender" Salazar, não deixa de ser um importante instrumento de estudo, dado o rigor e profundidade que apresenta.

Com este documentário, ficam, desde já, evidenciados alguns dos aspectos positivos alegados pelos seus "defensores":
- a política externa do Estado Novo, nos anos 30, 40 e 50 do século XX, em prol dos interesses nacionais;
- a política interna do Estado Novo, principalmente na área de Economia e Finanças, promotora do controlo orçamental e do desenvolvimento económico, mas também de apaziguamento social, dado que conseguiu ter o apoio da esmagadora maioria da população;
- o exercício do poder "pela Pátria", sem interesses obscuros.


Podemos, também, apresentar algumas características irrefutáveis:
- o nacionalismo autoritário e conservador;
- o antiparlamentarismo ou antipartidarismo;
- o anticomunismo, bem patente em diversas passagens do documentário, nomeadamente quando se refere à "ditadura de rua" numa clara alusão à luta de classes promovida pelo modelo político comunista;
- a tentativa de manutenção do Império Colonial a tudo o custo.


Por outro lado, penso que ficaram por explorar outras matérias:
- a «abertura política» do regime, na segunda metade da década de 40 e a campanha eleitoral para as presidenciais (1958), em que sobressai a figura de Humberto Delgado;
- a relação de cumplicidade entre Estado (Salazar) e Igreja (Cardeal Cerejeira);
- o «direito histórico» que Portugal detinha sobre as colónias, argumento utilizado para defender a administração sobre as Províncias Ultramarinas e refutado por ONU, E.U.A. e U.R.S.S.;

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Início do Debate




Para promover o debate em torno do Presidente do Conselho de Ministros (1932-1968), colocarei diversa documentação disponível, em diferentes suportes, sobre a qual gostaria de obter comentários.

Iniciarei esta fase com a colocação de vídeos alusivos ao documentário "O Maior Português de Sempre - Oliveira Salazar", integrado no programa, não menos polémico, da Rádio e Televisão de Portugal, "Grandes Portugueses".

Devo, desde já, assinalar que não pretendo, de modo algum, promover uma campanha de apoio ou censura a Salazar através deste blog.

Discutir Salazar

















Passados quarenta anos da morte do governante português, persiste uma enorme discussão acerca do seu legado.

Salazar foi, indiscutivelmente, uma das figuras mais polémicas da História de Portugal. Para alguns, trata-se de uma referência que defendeu afincadamente os interesses do povo português, para outros o principal responsável pela condenação da nação lusitana à mais feroz ditadura fascista.

Tratando-se de uma matéria extremamente relevante da nossa riquíssima História, considero pertinente promover uma discussão sincera, orientada para o cerne da questão e não para a confrontação; para um intercâmbio não de acusações, mas de considerações construtivas.